Estocolmo - Ao negociar a venda de sua startup de jogos para a Microsoft, o criador do Minecraft, Markus Persson, está se aproximando de uma empresa que ele antes criticava publicamente - e tem a chance de se tornar bilionário aos 35 anos de idade.
O sueco, que ganhou 1,8 milhão de seguidores no Twitter e a admiração de jogadores de todo o mundo após criar o Minecraft em 2009, usou sua fama para expor ao ridículo empresas como Facebook e Electronic Arts e ao mesmo tempo alardear os valores de ser “indie”.
A Microsoft, uma gigante de US$ 386 bilhões que domina o setor global de softwares, recebeu seu quinhão da avaliação de Persson sobre grandes corporações.
“Recebi um e-mail da Microsoft, que quer ajudar a ‘certificar’ o Minecraft para Windows 8”, escreveu Persson no Twitter, em setembro de 2012. “Eu disse a eles que parem de tentar arruinar o PC como plataforma aberta”.
“Eu prefiro que o Minecraft não rode no Win 8 a me juntar a eles”, postou Persson, que é conhecido por seu chapéu preto e chamado de “Notch” pela comunidade do Minecraft, naquele mesmo dia.
Os comentários de Persson sobre a Microsoft se tornaram menos severos desde então e uma venda para a empresa com sede em Redmond, Washington, cimentaria uma relação que vem se fortalecendo recentemente.
A Microsoft, produtora do console de videogame Xbox, está em negociações para comprar a empresa de Persson, a Mojang AB, por mais de US$ 2 bilhões, disseram fontes com conhecimento das conversas.
Persson controla cerca de 71 por cento da Mojang, segundo os relatórios anuais da produtora de jogos com sede em Estocolmo e informações da holding de Persson, a Notch Enterprises.
Isso sugere que sua participação no total de US$ 2 bilhões seria de cerca de US$ 1,4 bilhão.
Ele também recebeu mais de US$ 100 milhões em dividendos desde 2011, o que lhe daria um patrimônio líquido total de US$ 1,5 bilhão, segundo o índice Bloomberg Billionaires.
Embora o Minecraft inicialmente tenha sido vendido apenas por meio do site de Persson, ele depois o tornou disponível em lojas de aplicativos na internet e para consoles como o PlayStation 3, para o qual foi o segundo jogo mais vendido em cópias físicas no varejo no mês de julho.
Neste mês, o Minecraft foi disponibilizado para a mais recente geração do Xbox, o Xbox One.
Ponto de inflexão
O acordo com a Microsoft começou a tomar forma depois que Persson estendeu a mão para a fabricante de softwares alguns meses atrás, baseado em um relacionamento positivo de trabalho por meio do Minecraft para Xbox, disse uma fonte familiarizada com o assunto.
As duas empresas rapidamente entraram em acordo sobre uma estrutura e um preço aproximado e vêm trabalhando nos detalhes desde então, disse a fonte. Persson ajudará na transição, mas é improvável que continue na empresa depois, segundo a fonte.
Em 2012, Persson entregou as principais responsabilidades de desenvolvedor do Minecraft ao colega Jens Bergensten para poder focar em outros projetos.
O Minecraft é um mundo on-line pixelizado no qual os usuários constroem estruturas, incluindo réplicas de cidades e edifícios de verdade, e enfrentam poucas regras ou restrições.
Um dos objetivos é evitar ser comido por monstros que surgem após escurecer. Os fãs realizam convenções e concursos para premiar as construções mais espetaculares.
“O Minecraft é um alienígena no cenário dos videogames”, disse Laurent Michaud, analista para eletrônicos de consumo e entretenimento digital da empresa de pesquisas Digiworld Idate.
“O jogo apresenta gráficos pixelizados e um desenvolvimento básico, enquanto todos os demais estão falando de ultra alta definição e investindo dezenas de milhões em desenvolvimento. Ele provocou interesse onde ninguém esperava”.
‘Continuar Indie’
A popularidade do jogo -- vendeu mais de 54 milhões de cópias até junho – desafiou o status de pequeno estúdio independente de jogos da Mojang.
As vendas saltaram 38 por cento no ano passado, para 2,07 bilhões de coroas (US$ 292 milhões), e o lucro subiu para 896 milhões de coroas.
A Mojang também paga taxa de licenciamento à holding de Persson para uso da marca Minecraft. A Mojang tinha 35 funcionários no ano passado, de acordo com documentos.
Dois anos atrás, respondendo a perguntas no Reddit, Persson disse que o objetivo de longo prazo da Mojang era “continuar sendo indie, produzir jogos divertidos que gostamos de jogar”.
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